quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Clarice Lispector, eterna diva!

Olá.

Coincidências existem, isto é fato! Numa destas fui posta frente à frente com Clarice. Encontramo-nos. Admirei-a deste o primeiro instante! O delinear dos seus olhos aprisionou-me. Seus mistérios me envolveram, não com o pernicioso intuito de desvendá-los, e, sim de preservá-los. Seu pulsante e indecifrável amor-paixão pela escrita me cativa e, de modo bastante pretensioso, porém sincero, conduz meu escrever sem medo, destituído de amarras, quando e onde quero, no silêncio do meu ser ou no barulho do meu viver.


Neste post, trago para vocês um recorte do texto-mo
ntagem "Que mistérios tem Clarice?" de Renato Cordeiro Gomes disponível no livro "Clarice Lispector: seleta" da Coleção Brasil Moço, editado pela Livraria José Olympio Editora, datado de 1975.


Clarice não gostava de ceder entrevistas. Neste texto há a conversa informal, Clarice esta em volta dos seus filhos e de suas letras, pois a máquina de escrever não sai do colo. Por coincidência encontrei, por curiosidade li, por amor às palavras da diva reescrevo-as:





"Recebo de vez em quando carta perguntando-me se sou russa ou brasileira, e me rodeiam de mitos. Vou esclarecer de uma vez por todas: [...]nasci na Ucrânia, terra de meus pais.[...] Cheguei ao Brasil com apenas dois meses de idade. Sou brasileira naturalizada, quando, por uma questão de meses, poderia ser brasileira nata. Fiz da língua portuguesa minha vida interior, o meu pensamento mais íntimo, usei-a para palavras de amor. Comecei a escrever pequenos contos logo que me alfabetizaram, e escrevi-os em português, é claro. Criei-me em Recife, e acho que viver no Nordeste ou Norte do Brasil é viver mais intensamente e de perto a verdadeira vida brasileira que lá, no interior, não recebe influência de costumes de outros países. [...] Quanto a meus rr enrolados, estilo francês, quando falo, e que me dão um ar de estrangeira, trata-se apenas de um defeito de dicção [...]. Há três coisas para as quais eu nasci e para as quais eu dou minha vida. Nasci para amar os outros, nasci para escrever, e nasci para criar meus filhos. [...] Amar os outros é a única salvação individual que conheço: ninguém estará perdido se der amor e às vezes receber amor em troca. E nasci para escrever. A palavra é o meu domínio sobre o mundo. Eu tive desde a infância várias vocações que me chamavam ardentemente. Uma das vocações era escrever. E não sei por que, foi esta que segui. Talvez porque para as outras vocações eu precisaria de um longo aprendizado, enquanto que para escrever o aprendizado é a própria vida se vivendo em nós e ao redor de nós. É que não sei estudar. E, para escrever, o único estudo é mesmo escrever. Adestrei-me desde os sete anos de idade para que um dia eu tivesse a língua em meu poder. E no entanto cada vez que vou escrever, é como se fosse a primeira vez. cada livro meu é uma estréia penosa e feliz. Essa capacidade de me renovar toda à medida que o tempo passa é o que chamo de viver e escrever. Quanto a meus filhos, o nascimento deles não foi casual. Eu quis ser mãe. [...] Os dois meninos estão aqui, ao meu lado. Eu me orgulho deles, eu me renovo neles, eu acompanho seus sofrimentos e angústias, eu lhes dou o que é possível dar. Se eu não fosse mãe, seria sozinha no mundo. [...]
Sempre me restará amar. Escrever é alguma coisa extremamente forte mas que pode me trair e me abandonar: posso um dia sentir que já escrevi o que é o meu lote neste mundo e que eu devo aprender também a parar. Em escrever eu não tenho nehuma garantia.
Ao passo que amar eu posso até a hora de morrer. Amar não acaba. É como se o mundo estivesse à minha espera. E eu vou de encontro ao que se espera. [...]".


O texto-montagem na íntegra encontra-se no livro citado que, além, das revelações da assumida mulher misteriosa Clarice Lispector, contém contos e respectivas análises.


Abçs...Lindy Cardoso!

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

20 de novembro: Dia da Consciência Negra

Antes de qualquer alusão a respeito deste dia, reflitamos:























  • Consciência...
  • Negritude...
  • Consciência Negra...
Em nosso país, consciência e suas derivações são termos amplamente utilizados, principalmente, quando o assunto em voga é meio-ambiente, educação ou cidadania. Frases feitas ou jargões são comuns ao passo que a proposta de soluções para os debates seja: "Conscientizar a população, os pais, as crianças...". Então, logo notamos que consciência é tomar ciência, conhecimento de algo e este algo instigar respeito, defesa ou revolução.

Vista por este viés, Consciência Negra é o adquirir ciência da negritude, não só por parte dos negros, mas também, do povo brasileiro mestiçado, misturado, pluralizado. Negritude que está presente nas nossas raízes de povo brasileiro, exclusivo no universo, pois em nunhum país há tanta riqueza cultural proveniente de outras riquezas culturais como no nosso Brasil.

A Consciência Negra é envolver-se na negritude assumindo as características extrínsecas (estéticas) e intrínsecas (sapiência); é orgulhar-se das raízes, dos ancestrais; é repudiar os preconceitos combatendo-os por meio de atitudes não-violentas e sim de atitudes que demonstrem a identidade negra, já que o que mais incomoda aos invejosos é a nossa auto-estima, o nosso amor pela vida, a resistência frente às opressões, a luta diante dos caminhos tortuosos. Portanto, ser consciente da negritude é manter-se fiel à sua identidade negra, não permitindo inferiorizações, uma vez que "alguém somente sofre preconceitos se acaso permiti-los"!


Abraços


Lindiane Cardoso
Powered By Blogger