segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Amor tem cor?


Amizade, amor, saúde, educação, laços profissionais, respeito têm cor? A resposta é obvia: NÃO. Os relacionamentos que mantemos na sociedade não são motivados pela cor, ao menos é isto que notamos ao seguirmos os parâmetros legais da sociedade em meio ao pluralismo do nosso país. Entretanto, a verdade predominante para certos indivíduos é que as relações sociais são determinadas pela cor.


A este respeito, Giselda Nicolelis em “Amor não tem cor”, livro infanto-juvenil publicado em 2002, aborda assuntos polêmicos e de pouca repercussão na mídia de modo emocionante com a história de amor de Marijane e Deusdado. Os assuntos tratados mantêm um elo entre si, um dá subsidio para o outro acontecer, são o autopreconceito, o racismo e adoção de crianças afrodescendentes.

Portando linguagem clara, de simples assimilação, a autora põe em cena a temática por meio de um narrador onisciente e dos diálogos travados entre as personagens da história. A narrativa desde o título nos coloca em uma posição reflexiva, numa espécie de espera angustiante pelo desenrolar do enredo e o fim que este terá.

Conhecemos nas primeiras páginas Marijane e seu esposo Jeferson casados há um tempo e sem nenhum filho. E isto é o que passa a tirar o sono de Marijane após uma conversa com o seu chefe Dr. Otávio: a falta de um filho. Assim, decide conversar com o esposo a respeito de adotar uma criança recebendo dele a condição de aceitar “ter um filho” com as características: menina, branca, de olhos azuis, loira e bebê. Acaso não encontrassem nenhuma criança com estes caracteres não haveria adoção.

Para surpresa do casal, quando são encaminhados ao abrigo para conhecer a futura filha, Marijane é envolvida pelo brilho do olhar castanho de Deusdado e numa mistura de admiração e emoção, ela se apaixona pelo garoto de cabelos crespos e pele parda. Mas, e a menina de olhos azuis e loira? E o marido Jeferson, como lidar com a condição imposta por ele?

Situação complicada para Marijane resolver. E será que ela resolve? Qual a reação de Jeferson ao saber do amor súbito de sua esposa pelo menino? Como este enredo comovente terminará? Para saber é necessário se jogar na leitura deste exemplar destinado ao público jovem e deixar o amor de Marijane e Deusdado encher nossa vida de significado.

A narrativa nos permite por instantes parar para pensar nos milhares de crianças alojadas em abrigos à espera, por vezes utópica, de uma família. A situação ainda é mais difícil quando se trata de crianças acima de 6 anos de idade, afrodescendentes e quando possuem irmãos, pois a justiça não é a favor da separação destes, salvo em situação de risco entre os irmãos (violência, abuso).

No país estima-se que um milhão de crianças e adolescentes abrigados tem entre 8 e 12 anos de idade, são negros, 70% não tem família, mas só 30% estão aptos para a adoção. E as crianças bebês, brancas, loiras de olhos claros, como desejava Jeferson, correspondem à 1% da população de abrigados. Portanto, a procura por adoção nos gráficos pode até ser elevada, mas caminha na linha inversa à quantidade de crianças, visto que muitas crianças e adolescentes desejam uma família, contudo as famílias desejam um perfil único de criança ao qual não tocam todas as abrigadas.


Na mídia, ora por outra a temática de adoção surge dando enfoque aos artistas que adotam crianças afrodescendentes (Angelina Jolie, Madonna, fora do país; e Marcelo Antonny, Drica Moraes, no Brasil) ou como, atualmente, quando são levantadas outras questões em relação a este ato de amor, dedicação e respeito, a exemplo do caso de casais homossexuais terem o direito de adotar crianças. Mas isto é assunto para outro escrito. Por enquanto, vale ressaltar que a adoção é um modo sublime de amor ao próximo que pode ser efetuado por qualquer pessoa maior de idade, com situação financeira estável, emprego fixo e com idade superior a 16 anos em relação ao adotado.

Abraços.


Mais informações acesse: http://www.adocaobrasil.com.br

http://www.fnpeti.org.br/destaque/presidente-sanciona-a-nova-lei-nacional-de-adocao



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